quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Experiência da Ficção: palestra de Bernardo Carvalho


Bernardo Carvalho fala de estilo e viagens literárias em conferência
quarta-feira, 7 de novembro de 2007 - UFMG
“Meus livros negam a prosa poética, a idéia tradicional de beleza na prosa. Quero criar uma outra beleza”, disse o jornalista e escritor Bernardo Carvalho, que falou hoje para a comunidade da UFMG em mais uma conferência do ciclo Sentimentos do Mundo, que comemora os 80 anos da Universidade. Ele vê em seus romances a combinação de uma “língua pobre com uma estrutura narrativa complexa”. a palestra Experiência da Ficção.

Bernardo Carvalho, considerado um dos autores mais originais do cenário literário brasileiro, já ganhou o Prêmio Jabuti, o da Associação Brasileira de Críticos de Arte (APCA) – ambos com Mongólia (2003) – e o Portugal Telecom de Literatura Brasileira, com Nove Noites, de 2002 (prêmio dividido com Pico na Veia, de Dalton Trevisan). Ele foi apresentado pelo professor Carlos Antonio Leite Brandão, diretor-presidente do IEAT – Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares, como mestre no “entrecruzamento de narrativas, temporalidades e visões”.
Bernardo definiu sua literatura como cerebral e lembrou o clichê que classifica esse gênero como menor, em oposição à literatura “de vísceras”. Disse que tem relação difícil com qualquer coletividade, e que também por isso, talvez, sua obra pretenda afirmar uma singularidade. “Quero uma literatura que só pode existir onde ela ainda não é chamada de literatura”, ele afirmou.
Viagens diferentes
Boa parte da conferência foi tomada por relatos de suas viagens, como à Mongólia e à Rússia – esta para projeto ainda não concluído. Bernardo Carvalho ressalta que seus deslocamentos pelo mundo não seguem a tradição dos escritores-viajantes que relatam o que viram, seja em forma de reportagem ou de romance. "Preciso ir, mas vou para ver o país distorcido. Do curto-circuito provocado pelo contato da minha subjetividade com o lugar, e não da compreensão desse lugar, é que vai sair alguma coisa”, explicou o escritor.
Carioca nascido em 1960, Bernardo Carvalho foi editor do suplemento de ensaios Folhetim, do jornal Folha de S. Paulo, e correspondente da publicação em Paris e Nova York. Além de Nove noites e Mongólia, ele lançou a coletânea de contos Aberrações (1993) e os romances Onze (1995), Os Bêbados e os Sonâmbulos (1996), Teatro (1998), As Iniciais (1999) e Medo de Sade (2000). Este ano, publicou O Sol se Põe em São Paulo.

2 comentários:

Unknown disse...

é bem loooooongooooo esse "curto-circuito", através do contato com o outro, do qual bernardo carvalho fala.
ser estrangeiro traz um estranhamento para consigo mesmo e isso deve dar muito caldo para muitas histórias. :-))

Reynaldo Carvalho disse...

Oi, Sarinha, que legal te ver por aqui.
É, você está bem no meio desse curto-circuito todo, não é?
Quem sabe não sai um livro de sua experiência alemã?
Abraços.
Reynaldo